Resumo
A contemporaneidade digital, caracterizada pela aceleração do tempo e pela obsolescência das técnicas e tecnologias (Santos, 2008; Couchot, 1997), coloca questões a respeito da viabilidade do arquivo, em uma cultura que tem assumido a base de dados como metáfora cultural privilegiada (Manovich, 2005). Este artigo propõe refletir sobre temas concernentes ao papel e caracterização do arquivo, nesse contexto, no que diz respeito à preservação da literatura digital e à criação e institucionalização do repertório literário digital brasileiro. Para isso, mobiliza as reflexões de Derrida (2001) sobre o arquivo, colocando-as em diálogo com as proposições de Manovich (2005) sobre a base de dados e, por fim, as articula com a abordagem sistêmica da literatura, levada a cabo por Even-Zohar (2017). A discussão teórico-crítica aqui empreendida ampara-se nas atividades de arquivo e preservação, desenvolvidas pelo Observatório da Literatura Digital Brasileira (CNPq), que tornaram possível a criação do Atlas da Literatura Digital Brasileira.
Referências
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