Resumo
Após o assassínio de Ernesto Che Guevara em 1967, o seu mito converteu-se num tópico fulcral para movimentos políticos e artísticos atuantes entre os anos 60 e 70, principalmente na América Latina. Na obra de Hélio Oiticica (HO), constatamos elementos intertextuais que evocam a figura deste revolucionário, fazendo referência ao contexto social de opressão vivido no Brasil no período da ditadura militar. Neste sentido, através de algumas obras literárias, correspondências, heliotextos e referências ao evento Apocalipopótese, interpretaremos duas obras plásticas, como a capa 16 Guevarcália e a Bandeira Guevara encomendada ao artista Claudio Tozzi e incorporada pelo autor em diversos eventos. Ao analisar estas obras, tentaremos decifrar alguns pressupostos conceituais do posicionamento artístico de Oiticica no debate entre artistas engajados e marginais observando a heterogénea reação criativa ao golpe de 1964. Assim, examinaremos brevemente a figura do artista, do herói, do revolucionário e do marginal considerando a reiteração e reformulação da imagética e da mitologia guevariana em obras plásticas e literárias de Hélio Oiticica.
Referências
Buchmann, S., & Cruz, M. J. H. (2013). Hélio Oiticica and Neville D’Almeida Block-Experiments in Cosmococa – program in progress. Afterall.
Cambre, M. C. (2015). The semiotics of Che Guevara: affective gateways. Bloomsbury.
Chagas, T. S. (2021). A noção de happening em Arte no Aterro (1968). ANPUH Brasil – 31º Simpósio Nacional de História. https://www.snh2021.anpuh.org/resources/anais/8/snh2021/1629484797_ARQUIVO_9abb3b505eb88023eb5c7acb17e0a65b.pdf.
Coelho, F. (2010). Eu, brasileiro, confesso minha culpa e meu pecado: cultura marginal no Brasil das décadas de 1960 e 1970. Civilização Brasileira.
Cera, F. L. B. (2012). Arte-vida-corpo-mundo, segundo Hélio Oiticica. [Tese de Doutoramento, Universidade Federal de Santa Catarina]. http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/100606.
Daniel, H. (1982). Passagem para o próximo sonho. Codecri.
David, C. (1997). O grande labirinto. In Hélio Oiticica - Catálogo. Centro de Arte Hélio Oiticica.
Donadel, B. D. (2010). Hélio Oiticica e o Sentido da Participação do Público na Arte Brasileira dos anos 60: da “Obra Aberta” ao “Exercício Experimental da Liberdade” [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina]. http://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/103291.
Eco, U. (1991). Obra aberta. Forma e indeterminação nas poéticas contemporâneas. Perspectiva.
Garramuño, F. (2016). Todos somos antropófagos. Sobrevivencias de una vocación internacionalista en la cultura brasileña. Cuadernos del Centro de Estudios en Diseño y Comunicación. Ensayos, (60),1-10.
http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1853-35232016000500009&lng=es&nrm=iso.
Harris, L. (2018). Experiments in exile: C.L.R. James, Hélio Oiticica, and the Aesthetic Sociality of Blackness. Fordham.
Lima, M. A. de. (1968). Marginália: Arte & cultura na idade da pedrada. O Cruzeiro, 44–56. Projeto HO, (256 - 0799/68).
Masseno, A. (2024). Representações fora da lei: Hélio Oiticica e as imagens de Cara de Cavalo e Alcir Figueira. Língua-Lugar: Literatura, História, Estudos Culturais, 1(6), 20–38. https://doi.org/10.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1482 .
Medeiros, A. P. (2017a). Sob o signo da morte: aparições de “Che” Guevara no trabalho de Claudio Tozzi (1967-1968) [Dissertação de Mestrado, UNICAMP]. https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2017.983032.
Medeiros, A. P. (2017). As censuras contra “Guevara, vivo ou morto…” de Claudio Tozzi. Palíndromo, 9(19), 43–66. https://doi.org/10.5965/2175234609192017043
Medeiros, A. P. (2014). O real como trauma nos Guevaras de Claudio Tozzi. X Encontro de História Da Arte, 23–31. https://www.ifch.unicamp.br/eha/atas/2014/Alexandre%20Pedro%20de%20Medeiros.pdf
Oiticica, H. (1968a). O herói anti-herói e o anti-herói anônimo. Projeto HO (0131/68). Datiloscrito.
Oiticica, H. (1968b) Carta para a Lygia Clark, Projeto HO (506 - 1031/68). Datiloscrito.
Oiticica, H. (1968c). Poesia para livrodocumento, Projeto HO (1386 - 0161/68). Datiloscrito.
Oiticica, H. (1968d). Apocalipopotese no Aterro, Projeto HO (1369 - 0146/68). Datiloscrito.
Oiticica, H. (1968e). Capa16-Guevarcália: in memoriam Guevara, Projeto HO (2241/68). Foto.
Oiticica, H. (1969a). Apocalipopotese, Projeto HO (1431 - 0387/69). Datiloscrito.
Oiticica, H. (1969b). Conto. Projeto HO (1460 - 0390/69). Datiloscrito.
Salomão, W. (2003). Hélio Oiticica: Qual é o parangolé? e outros escritos. Rocco.
Ventura, Z. (2000). O vazio cultural. In Ventura, Z. et al. Cultura em trânsito: da repressão à abertura (pp. 40-51). Aeroplano Editora.
Marcuse, H. (1975). Eros e civilização. Zahar.
Pellegrini, T. (2001). Ficção brasileira contemporânea: ainda a censura? Acta Scientiarum, 23(1), 79–86.
Sutherland, J. P. (2009). Nación Marica. Prácticas culturales y crítica activista. Ripio.
Teixeiro, A. M. (2010). A obra literária de Hilda Hilst e a categoria do obsceno – Entre a convenção e a transgressão: o erótico-pornográfico, o social e o espiritual [Tese de Doutoramento, Universidade da Coruña]. http://hdl.handle.net/2183/7341.
Teixeiro, A. M. (2020). Hélio Oiticica y la blanca singularidad simultánea de Newyorkaises. Estudios filológicos, (66),93–112. http://dx.doi.org/10.4067/S0071-17132020000200093.
Vieira, F. A. C. (n.d.). Subcomandante Marcos. Portal Contemporâneo Da América Latina e Do Caribe - Universidade de São Paulo. https://sites.usp.br/portalatinoamericano/espanol-marcos-subcomandante.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 Universum (Talca)